terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sem título




 Alvaro Alvarejo

Tem algum tempo que já não escrevo
A inspiração de outrora, já não contempla tão vastos sentimentos
Por isso não espere nada estético sobre tais verdades

São muitos ditados, que me dizem para não parar
Emoções, coração pulsante não se deixa calar
Basta. Não me é necessária outra chance
Ninguém poderá dizer que amanhã serei melhor que ontem
Afinal aos bons um segundo não é o bastante?
Não a mim, talvez a você...
Ainda existo, resisto, mas já não vivo
Falta a intensidade do teu sorriso
Falta o calor, que me doava abrigo
Falta paixão, para dar veracidade aos versos
Se me permitisse resumir diria: é ela que me falta por perto
É muita razão para algo abstrato...
Outrora escrevi que expresso meus sentimentos até ficando calado
Agora não consigo, talvez pelo fato de sempre que penso em ti me dizer: Como pode ela me fazer sofrer de tal maneira? Como pode roubar a beleza de um por do sol nas rendeiras?
São os fatos que não me deixam fugir. A saudade que me invadi, sei que também faz visita a ti
E já não tenho mais o que fazer. Flerto com palavras atrás de áxilo. Por mais que tente só me iludo com os conselhos de um verdadeiro amigo.
Como Deus quiser assim será.
Eram nuances apenas esboços. Em busca da alegria e da paz refarei a arte, conservarei apenas a moldura e se suportar teu sorriso.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cenários 02


Antes de qualquer coisa, queria dizer aos poucos que lêem este blog, que não postarei nenhum cenário sem antes mostrar algo que realmente valha a pena de ser lido.
Hoje é uma poesia de um bom escritor, que troca seus versos por moedas em um semáforo aqui perto de casa.
PELES (BLIMER – pelo vale caminha)

“Vestiram as peles
uma a uma
espíritos e corpos
de mãos dadas

O exorcista
de mal com a vida
de bem com a morte
faltou a terapia

O padre
de bem com a maldição
de mal com as virgens
sentia vertigens

DEUS
de bem com os folclores
de mal com os noticiários
acendia cigarros

O diabo
de mal com os vermes
de bem com os vivos
escrevia versículos

Vestiram as peles
uma a uma
espíritos e corpos
desocupados”


Cenários 02 criado em 02/12/2010, por Akeen dos Santos Julio

“Já são oito e meia, acho que iremos nos atrasar para peça.” Disse Zakwani.
A peça da qual ele se refere é “dedilhando rimas” de Akeen dos Santos Julio. Nela o autor retrata com 2 “personagens” o cotidiano de, de, de, de qualquer coisa, pouco importa. A peça não passa de mais um emaranhado de clichês sublinhado com a visão de jovens cantores.
- Não vamos não. Disse Zindzy. – Cortaremos pela Avenida Rio Branco.
Zindzy, talvez a personagem principal do que quer que seja isto aqui, nasceu vestida com as cores da terra, a luz da lua. Cintilante, atrai olhares, não somente de quem muito conviveu com o sexo dominante, mas também de jovens que ainda acreditam no amor.
“Façamos como quiseres, só não me culpe caso percamos o inicio que inspira o fim da arte.” Disse Zakwani.
- Às vezes me pergunto como vives assim, querendo entender tudo de tudo, não se deixando levar pela inocência do inesperado. Disse Zindzy.
- A inocência do inesperado, rss. Disse Zakwani que envolvido na prosa, não notou o rufar dos tambores baianos, que simboliza o inicio do espetáculo. – Também me surgem perguntas ao pensar em ti. Penso como podes ser tão poética em meio ao caos em que vivemos.
- Aonde tu vês caos, eu vejo a beleza abstrata do homem em conflito com a beleza divina. Todo esse pomar regado com muito ódio e amor. Disse Zindzy, que já sentia seu braço em harmonia com a musica, no passo a cada compasso.
Mal se passaram cinco minutos de inicio da “medíocre” peça e eles chegaram ao teatro. O melhor e mais conceituado teatro da capital, o teatro da Alfândega. Contudo ao ar livre, trazia nas poucas paredes que cercavam o palco, a cultura açoriana em mosaicos e graffites.
No palco estavam dois artistas – se assim posso dizer – vestido com roupas expressivas, como aquela que usam os drag queens – desculpem-me eles são artistas. Criadores de uma arte moderna, contemporânea – mas sem chamar atenção. Já estão contracenando. Portam microfones e vivencias. Retratam realidades e incoerências. No palco, mostrando o poder das palavras, brigão entre si entre palmas e vaias.
Este drama circense é algo que só descrevo aqui, porque tenho imunidade artística, pois senão jamais me atreveria. Mas voltamos à batalha em si.
A oratória de um dos artistas não condiz com o semblante do oponente, que desdenha dos versos de seu adversário. Um negro de Black Power a lá Jackson Five, faz uns movimentos complexos sobre um disco de vinil intitulado “Tim Maia Racional”. Temos um vencedor e o fim do espetáculo.